quinta-feira, 15 de maio de 2014

.:: 700 milhões de mulheres são vítimas de violência no mundo ::.


Mais de 700 milhões de mulheres são vítimas de violência de gênero no mundo, especialmente no sul da Ásia e da África, informa um relatório do Banco Mundial (BM) divulgado nesta quarta-feira.
"A violência baseada no gênero é uma epidemia global, que afeta as mulheres em todas as regiões do mundo", garante a instituição, destacando, contudo, "avanços sem precedentes" ao longo dos últimos anos.
Segundo o informe, pelo menos uma a cada duas mulheres mulheres (43%) no sul da Ásia (Índia, Paquistão e outros) sofreu violência física, ou sexual por parte de seu cônjuge durante sua vida.
Na África Subsaariana e no Oriente Médio, a proporção é de 40% e diminui para 33%, na América do Sul, e para 30%, na região Ásia-Pacífico, segundo o documento, que não publica dados sobre a Europa. Na América do Norte, esse percentual chega a 21%.
De acordo com o BM, um grande número de mulheres jovens no mundo têm um "controle limitado" sobre seu corpo, como acontece em relação à sexualidade e à anticoncepção, por exemplo.
Se a "tendência atual se mantiver", mais de 142 milhões delas estarão casadas antes de completar 18 anos, já na próxima década, acrescenta o texto.
Referindo-se a um grupo mais específico de 33 países em desenvolvimento, o informe indica que 41% das mulheres garantem que não se atreveriam a pedir ao parceiro para usar preservativo.
Em relação ao mundo da política, o BM diz que as mulheres estão "claramente sub-representadas" e aponta que elas representam apenas 22% dos parlamentares e 5% dos prefeitos do mundo.
"Se o mundo quiser acabar com a extrema pobreza e garantir que a prosperidade seja compartilhada, é necessária uma participação plena e efetiva das mulheres", advertiu o presidente do organismo, Jim Yong Kim, citado no relatório.

Fonte: IstoÉ


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

.:: Rastros ::.


Os passarinhos deixam mensagens
cuneiformes sobre a neve: estive
aqui, estou com fome, preciso
comer. Do lugar em que joguei
sementes eles raspam as cascas
de pinhão e grãos gelados de areia.

Às vezes quando a neve cintila
atrás da janela, põe as árvores
e arbustos em surdina, cobre
o caminho, os gaios batem com seus bicos
na vidraça do meu quarto:
para eles eu sou feita de sementes.

Para os gatos eu sou amante e mãe,
brinquedo e colo, cozinheira e faxineira,
Para os coiotes sou alarme e caçadora.
Para os corvos, vigia, protetora.
Para os gambás, raposas e marmotas
uma sombra passageira, o vento de um instante.

Fui para um homem múmia malvada e vigilante.
Para outro eu era uma irmã que perdoa sempre,
cujas mãos derramavam mel e aloé;
para aquela mulher fui uma tempestade, cujas
ondas violentas ameaçavam seus alicerces; para outra,
um carvalho onde se apoiava sua videira em flor.

Usei os rostos, as máscaras,
de hieroglifos, deuses e demônios,
fantasmas com cara de morcego, ladra e sibila,
amante, perdedora, rosa vermelha e erva inútil,
esses foram os rastros que eu deixei
sobre a crosta branca do tempo.


Marge Piercy

.:: Post scriptum ::.


Eu quero escrever
um poema erótico
onde palavras cruas, sem enfeites,
se tornem belas,
onde as metáforas não sejam necessárias
e seios, por exemplo,
não se transformem em colinas
ou o corpo de uma mulher numa paisagem cálida
ou o sexo no "mais íntimo abraço".

É claro
que um poema assim é escrito no espaço
entre a exposição e a ocultação
entre a hipocrisia e as verdadeiras emoções.


(Toeti Heraty - versão a partir da tradução de Carole Satyamurti).