
Eça de Queiroz é considerado o grande mestre do romance português moderno e certamente do mais popular entre os escritores de Portugal do século XIX. Participou ativamente da chamada “Geração de Setenta” - um grupo de jovens intelectuais,que se empenhou em denunciar o atraso político, moral e científico da nações ibéricas. Diante desse novo cenário de cisão, alguns intelectuais portugueses tiveram um papel importante na defesa do livre pensamento, na denúncia da corrupção do clero e na desmistificação dos valores burgueses. Entre eles estava Eça de Queiroz, com sua convicção de que a literatura deveria se tornar instrumento de transformação do mundo.
Em 1896, Eça fez uma viagem ao Egito e à Palestina, que acabou servindo de base para a elaboração do romance A relíquia publicado em 1887. Nessa obra - que narra as peripécias de Teodorico Raposo para enganar sua tia e herdar suas posses - , o autor faz uma impiedosa sátira à beatice católica, ao poder de sedução do dinheiro e à hipocrisia burguesa. Num tom irreverente e hilariante traça um panorama profundamente crítico da sociedade de seu tempo.
Essa edição de A relíquia por Marcatti, Conrad Editora do Brasil (2007), é apresentada como uma história em quadrinhos e muitas das questões apontadas nesta obra de 1887 continuam atuais.
Aproveitem esta ótima dica e, nas palavras de Eduardo Montechi Valladares, “Que os leitores do século XXI se enfureçam, fiquem indignados e, claro, se divirtam com essa inovadora versão”.
Eduardo Montechi Valladares – é mestre e doutor em História Social pela PUC-SP, bacharel em Filosofia pela USP e bacharel e licenciado em História pela PUC-SP. É autor do livro Anarquismo e anticlericalismo, Editora Imaginário (2000), co-autor de Revoluções do século XX, Editora Scipione (1995), e atuou como co-roteirista e consultor histórico do filme Nós que aqui estamos por vós esperamos (1999).
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